Já sentiu uma pressão por ser feliz na empresa? Uma defesa em prol dos tímidos

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Maryana com Y 🏳️‍🌈
Especialista em Bom humor e Felicidade | Linkedin Creator | TEDx Speaker | Palestrante e treinadora | Coautora do Best Seller "SOFT SKILLS"e “BALANCED SKILLS”

Nem todo afeto é expansivo, nem toda empatia é visível e principalmente,  nem todo bom humor precisa ser barulhento e expansivo. Lembra que sempre falo que bom humor é a sensação de bem-estar? Que os tímidos também podem ser bem humorados, mesmo em silêncio? pois bem, hoje quero me aprofundar nesse tema.

Vivemos uma era em que se fala , e com razão, sobre humanização nas empresas, sobre lideranças empáticas, sobre criar culturas organizacionais mais leves, mais afetivas, mais autênticas. Mas, paradoxalmente, quanto mais buscamos a leveza, mais exigimos um padrão emocional específico: o da pessoa carismática, espontânea, falante, calorosa, sorridente, que abraça, que anima, que participa de todas as interações coletivas.

Criamos, sem perceber, um novo molde de “ser humano ideal” para o trabalho: aquele que expressa sentimentos de forma expansiva, que traduz empatia em gestos visíveis e que reage afetivamente a tudo de preferência com entusiasmo.

Mas o que acontece com quem não corresponde a esse molde?

Com quem ama em silêncio, entrega em profundidade, contribui com constância, mas não performa alegria e nem tem necessidade de ocupar emocionalmente os espaços?Essas pessoas, muitas vezes introvertidas, analíticas, mais racionais na superfície  começam a ser vistas como “sérias demais”, “frias”, “difíceis de lidar”, “pouco empáticas”. E isso é uma distorção grave da realidade.

Gary Chapman, autor do livro As 5 Linguagens do Amor, nos lembra que há múltiplas formas legítimas de demonstrar afeto:

• Através do toque físico

• Através de palavras afirmativas

• Através do tempo de qualidade

• Através de atos de serviço

• Através de presentes simbólicos

Se alguém demonstra amor ajudando, sendo presente com seu tempo, fazendo com excelência seu trabalho isso também é afeto. Mesmo que não venha embalado em sorrisos largos ou abraços espontâneos.

Brené Brown, estudiosa da vulnerabilidade e do pertencimento, afirma que:“O oposto de pertencimento é o ajuste. É quando você muda quem é para ser aceito. Pertencer, de verdade, é ser aceito exatamente como é.”

A pergunta que precisamos fazer como líderes, colegas e organizações é: será que estamos promovendo pertencimento? Ou apenas exigindo ajuste emocional para quem pensa e sente diferente?

Quando confundimos performance emocional com empatia, criamos um novo tipo de exclusão disfarçado de leveza.

A cultura da leveza não pode ser uma nova forma de opressão afetiva.Porque o que chamamos de “pessoa difícil” muitas vezes é apenas uma pessoa discreta. O que chamamos de “frieza” pode ser, na verdade, seriedade, foco e respeito pelo espaço do outro. E o que chamamos de “falta de alegria” pode ser apenas um bom humor mais contido, mais interno um estado de tranquilidade e inteireza, que não precisa se exibir.

Aqui entra o ponto central que eu defendo com convicção:

Bom humor não é sobre fazer rir. Isso é comediante quem faz.Bom humor, no contexto humano, é um estado interno de bem-estar, uma leveza silenciosa que se traduz em presença, serenidade e boa intenção.

É quando a pessoa está em paz consigo e não precisa provar nada para os outros.É um humor que não faz piada, mas faz o bem., que não precisa de palco, mas sustenta o bastidor. Que não grita, mas acolhe com espaço.

Sim, existem pessoas que demonstram empatia com palavras doces e toques constantes.Mas também existem as que demonstram empatia respeitando o tempo do outro, entregando com excelência, ouvindo com atenção.Isso também é conexão. Isso também é cuidado. Isso também é afeto.

A diversidade que tanto buscamos precisa incluir também a diversidade emocional e afetiva.

Isso significa abrir espaço para todos os jeitos de sentir, de demonstrar amor, de estar presente.Se você lidera pessoas, olhe com mais cuidado para o que é invisível.

E se você é uma dessas pessoas que sente de um jeito mais contido, saiba: seu jeito também tem valor. Você não precisa performar calor para merecer respeito.

Que a cultura do afeto não vire cultura da cobrança afetiva.

Que o desejo de conexão não exclua quem se conecta com profundidade e pausa.Talvez o mundo precise menos de pessoas sempre felizes e mais de pessoas verdadeiramente inteiras.

Com humor,
Mary

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